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segunda-feira, julho 09, 2007



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sexta-feira, maio 04, 2007



terça-feira, agosto 17, 2004

“Embora impregnado de dor foi deveras um prazer... mas, adeus, fiquem bem, porque, sinceramente, eu já aqui não estou...”

domingo, julho 25, 2004

 
Frase do dia: “Deixou de existir qualquer ponto de retorno, as paredes encolheram o labirinto até um ponto em que o monstro já nem sequer lá habita... irremediavelmente, é óbvio que já não sou o mesmo, a cada segundo e segundo... mas será que esse meu Eu faz falta... achas mesmo?”
 


ANNE
 
Agora que Anne se foi
embora que olhos comparar
ao sol da manhã?

Não que eu os comparasse
outrora mas comparo-os agora
que ela se foi embora.

Leonard Cohen
 


quarta-feira, julho 21, 2004

 
Frase do dia: “Gostei muito de te ter aqui outra vez”. 
  
 
LENDO-TE
para Hugh Seidman 
  

 
É como se
o meu pai pudesse falar
 
Seu enorme corpo
silente e maciço
e sob a pele branca e fria
a merda sólida
a aversão
 
Homem, macho, seu caralho que eu amei
sobre todos os outros, sobre a bondade, tão sobre
o prazer amei seu ódio, a frieza,
a indiferença, o negrume sólido
 
A cabeça voltada para outro lado
Os olhos voltados para outro lado
O peito, as mamas, o fato de banho- metade
de mim, metade meu! Nunca meu, nada,
não sei qual de nós quero
eu matar por isso mas quero algum
sangue espesso
algum carvão no corpo algum
fogo esse copo ardente de bourbon
caralho prometido e nunca dado
pelo qual eu era capaz de me esfolar
 
Agora quebrando seu silêncio, vejo como te
extravasas sobre as palavras
extravasas sobre o fim dos versos
para te suspenderes no espaço negro isolado
só e humilhado, ali gingando como uma
estrela, um herói
                                            Eis-me aqui fora contigo
agora contra o farrapo do silêncio
quebrado
 
Sharon Olds
 
(dedicado a ti que o leste para nós) 


quarta-feira, julho 14, 2004

Frase do dia: “Só os fracos podem partir correntes, os fortes esquecem-se que elas existem”.




História E Real...



Há algum tempo. Não sei quando
Conheci um anjo num café de baixo brilho
Fumava um cigarro eterno e bebia
de um copo sujo
Como se sorvesse a alma em cada gota
Dilacerada pelo fumo e enterrada num sorriso
Que nunca se via, mas que sabia que lá estava
Na mesa, em frente, o mesmo livro
Amarelo de tão gasto, mas eternamente fechado
Abandonado a um canto como uma folha
de Inverno
nesse mundo, algures, eu estava parado
Pasmado na apatia sem loucura
No eterno veneno sem morte
Mas... ele erguia os olhos para o tecto sujo
E voltava a pousá-los sobre a mesa
Pois ele era um anjo
Planava sobre as coisas
Nunca as tocava
Nem talvez nunca as visse

Um dia sentou-se na minha mesa
Com um propósito qualquer
Apertou-me a mão e disse: “Eis o meu cartão!”- entregando-me um papel amassado, onde se podia ler:
ANJO E TODOS OS CAMINHOS PARA O CÉU
Acenei afirmativamente sem interesse
“Desculpe, amigo, mas não estou interessado em drogas” - disse-lhe à espera
que ele voasse
Mas não, deixou-se parado no silêncio
Até que todos os dias se foram
Assassinados por todas as noites

Um dia num café de baixo brilho
Conheci um anjo que fumava eternamente
Sorvendo todas as células do dia
Num copo sujo
Eu costumava vê-lo assim parado
Pois eu também lá estava assim
Vago e estúpido
Depois de ter chumbado todos os exames
E sido rejeitado em todos os círculos literários
Por ter mais de um metro e oitenta
E nunca fazer a barba
E... numa qualquer tarde
Sentou-se na minha mesa e disse: Eu e Deus, sabes, somos tu cá tu lá. Tens de vir beber um copo connosco!”
Sim, disse eu sem interesse
Um dia destes...
E a frase pairou durante anos e anos
Um dia destes...

Um dia encontrei-o numa cabina telefónica
Reconheceu-me e pediu-me uma moeda
Não tinha nenhuma e não lhe pude acudir
Porquê?- perguntou
Parquímetros- respondi. E ele parou no silêncio
Como se quisesse dormir de olhos abertos
Fiquei parado a olhá-lo
Fiquei parado a vê-lo assaltar uma mulher de uns quarenta, que fugiu aflita
E a vê-lo partir uma montra e a sair com a caixa registadora
Correu alegre para mim com as mãos cheias
de moedas e disse: “Consegui!”
Marcou um número e perguntou: “Está? Deus?”
Mas nenhuma voz se ouviu
Olhou-me atónito
Chegou um carro de polícia
Saíram dois polícias e levaram o anjo
Que não parava de abanar as asas aos gritos
E que queria falar com um advogado

Fiquei parado a olhá-lo
Partiu e nunca mais o vi
Não lhe disse que tinha telemóvel
Fiquei parado a olhá-lo
Mas depressa esqueci o assunto

Num café de baixo brilho
Costumava pairar um anjo fumante
O café é agora uma loja de sementes
E eu sou o empregado de balcão
Mas no tecto ainda paira o seu fumo
Brilhante, amarelo tal uma folha
de Inverno
Queimada por um sorriso que nunca se via
Mas que lá estava
Pode ter sido preso
E Deus ser mudo ou mal educado
Mas será sempre um anjo


Claus Min- RMM

sexta-feira, julho 09, 2004

Frase do dia: “Eu não te vou deixar morrer outra vez”.






AS IRMÃS DO TESOURO SEXUAL




Assim que a minha irmã e eu saímos
de casa da nossa mãe só queríamos
era foder, obliterar
o seu corpo delgado de pardal e as finas
pernas de grilo. Os corpos dos homens
eram como o corpo do nosso pai! Os enormes
pernis, flancos, coxas, os torneados
joelhos, as longas canelas esguias-
podíamos possuí-lo, as nádegas íngremes
interditas, as costas dos joelhos, o caralho
na nossa boca, ah o caralho na nossa boca
Como exploradores que
descobrem uma cidade perdida, ficámos
doidas de alegria, despíamos os homens
lentamente com cuidado, como se
descobríssemos artefactos enterrados que
demonstravam a nossa teoria da cultura perdida:
a de que se a Mãe dizia que não havia lá nada
era porque havia.


Sharon Olds

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